O governo pretende desencavar um projeto que já criou raízes profundas no Congresso: o IPO da Embrapa. O assunto volta à tona com novas nuances. A abertura de capital contemplaria a oferta de apenas 30% do capital, e não mais 49%, como prevê o projeto de lei do senador Delcídio Amaral, em hibernação no Congresso Nacional desde 2008.
A redução da fatia ofertada ao mercado seria uma forma de aplacar a resistência da bancada ruralista à operação. Líderes do agronegócio sempre consideraram excessiva a possibilidade de venda de quase metade da companhia.
Desde o início, o projeto de Delcídio carregou a pecha de que levaria a uma “desnacionalização branca” da Embrapa, ao abrir tamanho espaço para a participação de grupos estrangeiros na empresa. A nova proposta para a abertura de capital da Embrapa já foi objeto de conversas entre Dilma Rousseff e a senadora Kátia Abreu, escolhida para assumir o Ministério da Agricultura.
A oferta de ações da estatal viria em um momento de grande pressão sobre a Embrapa. Empresários do agronegócio e parlamentares ligados ao setor têm cobrado do governo maiores investimentos na estatal. Mesmo internamente, há pesadas críticas a medidas adotadas durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Um dos motivos de insatisfação é o desmantelamento do Centro de Estudos Estratégicos e Capacitação em Agricultura Tropical (Cecat). O projeto foi desenvolvido durante o governo Lula com o objetivo de capacitar profissionais da área de agrociência, inclusive especialistas de outros países.
03.01.2015
Fonte: Revista Relatório Reservado* 24/11/2014
*A revista Relatório Reservado é um periódico especializado em notícias financeiras, com foco em empresários e mercado econômico.