SINPAF debate Embrapa Pública no FSM 2018

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Na última sexta-feira (16/3), no Fórum Social Mundial 2018, as seções sindicais Cruz da Almas e Campinas e Jaguariúna realizaram a roda de conversa “Por uma Embrapa Pública”. O eventobuscou levantar os riscos de uma possível privatização da Embrapa e denunciar interesses e interessados nesse processo.

A mesa de debate foi constituída pela supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ana Giorgina Dias, pelo representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo da Embrapa (Consad), Antônio Maciel Botelho Machado, e pelo  presidente da Seção Sindical Campinas e Jaguariúna, Mário Urchei, sob a mediação de Maria do Socorro Ferreira, filiada do SINPAF, pesquisadora da Embrapa Oriental (Belém-PA).


CONTEXTO DO DESMONTE – A supervisora técnica do Dieese, Ana Giorgina Dias, fez uma análise do contexto das mudanças políticas e seus efeitos para a vida dos trabalhadores das empresas públicas do país.

Giorgina explicou que, a partir de 2016, com a mudança de governo, várias empresas públicas têm sofrido com a reversão brusca do modelo de governança, que tem implementado medidas extremamente duras, promovendo a redução e o desmonte do Estado, a começar pela Proposta de Emenda Constitucional que congelou os gastos com despesas primárias do governo, passando pela Reforma Trabalhista, terceirização das atividades-fins e Reforma da Previdência, que pode ainda voltar a ser analisada.

A técnica também denunciou o sucateamento de outras empresas públicas, como Correios, Eletrobrás, Petrobrás, Embraer, Fundação Oswaldo Cruz, com a redução de orçamento e quadro de pessoal, entre outros. Para ela, esse é um projeto articulado de desmonte para entregar essas empresas ao setor privado, que não tem interesse no crescimento do nosso país nem no atendimento da sociedade brasileira.

Outra preocupação de Giorgina é a criação da Embrapatec. De acordo com ela, o resultado será a entrega de conhecimento apenas para aqueles que possam pagar pela sua produção, excluindo o acesso à tecnologia de ponta para os pequenos agricultores brasileiros.

ORÇAMENTO E PESSOAL – De acordo com o representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo da Embrapa (Consad), Antônio Maciel Botelho Machado, “o governo está contingenciando o orçamento das pesquisas. A cada quadrimestre eles cortam mais um pedaço”.

“Na realidade eles não vão privatizar a Embrapa, eles vão reduzir a atividade da pesquisa ao máximo que puderem, vão criar a tal da Embrapatec, que é uma forma de capitalizar dinheiro”, disse.

De acordo com o pesquisador, o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, apresenta a Embrapatec como uma necessidade, uma alternativa para a captação de recursos, sob a justificativa de que só o orçamento público não cabe mais para manter a empresa funcionando. O conselheiro explicou também que esse processo está sendo permitido devido à Lei das Estatais e ao novo Estatuto da Embrapa.

“As novas leis trouxeram para a Embrapa a obrigação de abrir os nossos laboratórios às empresas particulares em caso de convênio, para fazerem uso dos equipamentos da empresa e do conhecimento dos empregados. E o pesquisador não vai poder recusar. Se ele recusar, irá responder criminalmente. Ele é obrigado, por força da lei, a abrir todo o conhecimento dele para a empresa privada”, afirmou.

LUTA – O presidente da Seção Sindical Campinas e Jaguariúna, o pesquisador Mário Urchei, disse que “a crise pela qual o país tem passado é responsabilidade de um sistema capitalista falido, que, em busca do lucro a qualquer custo, deixa bilhões de pessoas na miséria e quer colocar os custos sobre a classe trabalhadora”.

Para o pesquisador, “o maior recurso da Embrapa não são os equipamentos, laboratórios e estruturas, mas sim as pessoas e o conhecimento que se desenvolve a partir das tecnologias e informações. É preciso pensar sobre qual empresa queremos. Uma Embrapa pública, em que a sociedade, os agricultores familiares, os movimentos sociais, as populações ribeirinhas, os pescadores, os quilombolas pautem a nossa agenda”.

“Precisamos interagir com a comunidade rural, com os camponeses, com os agricultores familiares, com os assentados, numa lógica diferente da empresa. Precisamos trabalhar para as minorias e pela redução das desigualdades sociais e opressões que temos em nosso país”, concluiu.

Fonte: DN

08:52:56

2018-03-21

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