A recente polêmica entre o atual Presidente da EMBRAPA e o pesquisador Zander Navarro resultou na demissão sumária do último apenas por esse expressar opinião divergente da direção da empresa.
Deixamos claro que, para nós, esse embate não é uma questão pessoal entre o Presidente e o pesquisador. Mas sim uma disputa de concepções sobre qual o papel que a Embrapa deve ter hoje.
As posições de “mais mercado” e “muito mais mercado” são dois lados da mesma moeda e refletem as opiniões entre as correntes políticas que compõem o Governo Temer, formado por uma coalizão de forças político-partidárias que promovem o desmonte das empresas públicas brasileiras.
Aqui não se trata de defender ou referendar qualquer uma dessas duas posições, mas DEFENDER o direito de se expressar democraticamente no interior ou exterior da empresa.
Em nada concordamos com as concepções ou posições desse pesquisador, pois entendemos que o papel da Embrapa é muito mais amplo que servir somente ao agronegócio e aos mantenedores da estrutura fundiária vigente.
Portanto, deixamos claro que nos afastamos da visão e do entendimento de Zander Navarro, onde a pesquisa agropecuária desenvolvida na Embrapa deva ser subserviente às corporações e multinacionais que controlam o agronegócio e o mercado de commodites. Defendemos uma empresa 100% pública e que contribua com a diminuição das desigualdades sociais e regionais do posso país.
Para isso entendemos ser fundamental a Embrapa aprofundar suas linhas de pesquisa e atuação em áreas como agricultura familiar, agroecologia, áreas indígenas e quilombolas, invertendo prioridades existentes hoje. Enfim, uma empresa que produza conhecimento para gerar riqueza ao conjunto da pluralidade social que tem a sociedade brasileira.
Manifestamo-nos para defender a divergência de ideias, o contraditório, a livre expressão de opinião dentro da nossa empresa, que produz ciência, conhecimento e tecnologia.
Defendemos aqui o direito à liberdade de pensamento e de manifestação de qualquer empregado de empresa pública, mesmo que discordemos integralmente deste pensamento.
O ambiente interno de uma empresa publica como a nossa deve ser plural (e não monolítico), participativo (e não autocrático), questionador (e não conformado) e crítico (e não subserviente).
Os trabalhadores e trabalhadoras da Embrapa têm enfrentado dificuldades de diálogo com a atual Diretoria Executiva como se evidenciou nas discussões do ACT 2017-2018, (perda de direitos, questões de insalubridade e plano de saúde, p.ex.), na extinção dos cargos de Assistentes B e C, na reestruturação da Sede e na formulação do projeto da Embrapatec.
O Estado de exceção ao qual estamos submetidos, por imposição ilegítima de setores do Executivo, Legislativo e Judiciário desde agosto de 2016, tem encorajado atitudes e ações que visam restringir direitos, sobretudo dos trabalhadores e trabalhadoras.
Dessa forma, repudiamos de maneira incisiva a referida demissão por entender que a mesma é um ato absolutamente arbitrário e que contraria o estado democrático de direito e a própria Constituição Federal.
O movimento sindical continuará lutando pela manutenção da Democracia em todas as instâncias do Estado e da Sociedade Brasileira.
SÓ A LUTA NOS GARANTE!!!
SÓ A LUTA GARANTE A DEMOCRACIA!!!
Assinam essa Nota as seguintes Seções Sindicais do SINPAF:
Acre
Amazonas
Campinas e Jaguariúna
Cerrados
Cruz das Almas
Dourados
Pantanal
Pará
Pelotas
09:17:49
2018-01-17