“Zero por cento”. Esse foi o índice que a Embrapa apresentou para o SINPAF, na manhã desta quarta-feira (10), na última reunião de negociação do Acordo Coletivo dos Trabalhadores (ACT 2017-2018). Além de não apresentar uma proposta de reajuste, a empresa informou que não existe mais espaço para continuar a negociação, nem mesmo das cláusulas sociais. Com isso, o SINPAF vai protocolar na próxima semana o dissídio coletivo para tentar garantir os direitos da categoria na justiça.
A posição da empresa em relação ao ACT caiu como uma ducha de água fria sobre os mais de 9 mil trabalhadores da Embrapa, que esperavam um índice de reajuste acima de zero e a manutenção dos direitos adquiridos ao longo dos 28 anos de história do SINPAF.
Na reunião entre o presidente da empresa, Maurício Lopes, e os mais de 40 dirigentes sindicais, realizada na última semana (dia 3), ficou a expectativa de que Lopes fosse apresentar uma proposta condizente com os anseios dos trabalhadores. Aconteceu exatamente o contrário. Lopes, que havia prometido manter portas abertas, menos de uma semana depois, fez exatamente o contrário.
SUBMISSÃO – Por isso, o SINPAF repudia a postura da Embrapa que, além de continuar impondo retrocessos aos direitos já adquiridos pelos trabalhadores, também não garantiu a manutenção do ACT vigente, exatamente o oposto do que foi dito pelo presidente da Embrapa. Entre a fala e a prática, Lopes demonstrou sua total submissão ao governo.
“Com o posicionamento da empresa de não assegurar as cláusulas atualmente vigentes no ACT, como é o caso da insalubridade/periculosidade, banco de horas, extensão da licença maternidade, entre outras, os direitos que não estão garantidos em normativas internas da Embrapa correm o risco de perder a validade após o vencimento da última prorrogação do ACT, que é o dia 15 de agosto”, alertou o presidente do SINPAF, Carlos Henrique Garcia.
TST – Em uma tentativa de minimizar o abalo que as atitudes da diretoria da Embrapa causarão aos trabalhadores, o SINPAF vai procurar o Tribunal Superior do Trabalho (TST) para tentar uma mediação.
“O SINPAF está insistindo em marcar uma agenda com o juiz mediador do TST, Rogério Neiva, visando principalmente nesse instante uma possível mediação para que a Embrapa recue e aceite manter o ACT vigente, até que haja a conclusão de um acordo ou julgamento do tribunal”, disse Carlos Henrique.
Para o presidente do SINPAF, “a diretoria da Embrapa está agindo totalmente diferente de outras empresas estatais, a exemplo da Codevasf, Serpro e DataPrev, as quais garantiram em ata a vigência do ACT de seus empregados”, disse Carlos Henrique.
INDIGNAÇÃO– Esse é o sentimento demonstrado pela base de trabalhadores em relação não somente ao índice zero, mas também à atitude da Comissão de Negociação, ao afirmar que algumas cláusulas do atual ACT poderão deixar de ser praticada pela empresa, até que haja o julgamento no TST.
“Essa indignação foi potencializada pela total demonstração de desrespeito dessa Comissão da Embrapa quando afirma que algumas cláusulas do atual ACT poderão deixar de ser praticadas pela empresa”, disse o diretor de Formação Sindical do SINPAF, Roberto Scaramello.
Para o presidente da Seção Sindical Sete Lagoas, Francisco de Paula Antunes, Maurício não tem palavra. “A verdade com ele dura somente 24 horas. É uma falta de respeito com a gente reunir todos e fazer isso”, disse Francisco, referindo-se à reunião com o presidente e os dirigentes sindicais.
“O presidente da Embrapa adora holofotes, mas ignora e desrespeita aquilo que é imensamente maior que ele e seu ego: a Embrapa e seus trabalhadores. A proposta da empresa e a postura de seus dirigentes traduzem o que podemos afirmar ser uma gestão refém de interesses de um grupo político, que ignora o interesse público e trabalha para atender a uma minoria”, disse o presidente do SINPAF.
DISSÍDIO COLETIVO – O SINPAF vai protocolar na próxima semana no Tribunal Superior do Trabalho (TST) o processo de dissídio coletivo da categoria. Vale lembrar que a Embrapa concordou em ata com ajuizamento do dissídio.
“O ajuizamento do dissídio coletivo será com base na pauta inicial de reivindicação, já que a empresa não apresentou nenhum avanço no decorrer das sete rodadas de negociação”, enfatizou Carlos Henrique.
PROTESTO JUDICIAL – Pela quarta vez, o SINPAF acionou a Justiça do Trabalho para assegurar a data-base da categoria e a retroatividade dos benefícios dos trabalhadores.
O pedido de protesto foi deferido pelo juiz e tem validade de 30 dias, a contar de ontem (9/8).
MOBILIZAÇÃO – Para o presidente do SINPAF, “é muito importante que a base se mantenha atenta para uma possível convocação de mobilização com o objetivo de pressionar a empresa a recuar em sua postura e aceitar manter a vigência do atual ACT, até que o judiciário se posicione”.
“Se continuarmos de braços cruzados, não vamos ter reajuste e teremos direitos retirados”, disse Alceu Vicari, vice-presidente da Seção Sindical Passo Fundo.
“Foi um duro choque de realidade na categoria. Agora é partir para a luta”, alertou Marcos Pereira, presidente da Seção Sindical Cruz das Almas.
Clique aqui e leia a ata da 7ª rodada de negociação
Fonte: DN
22:04:47
2017-08-10