Kátia Abreu prega diálogo, mas diz que não aceitará provocação

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A nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, cuja nomeação para o cargo foi contestada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e por entidades representativas de trabalhadores rurais, afirmou nesta segunda-feira (5) que buscará o diálogo “com todas as pessoas com espírito público”, mas não aceitará “nenhum tipo de provocação”.

Após solenidade de transmissão de cargo na sede da pasta, em Brasília, ela foi questionada sobre como lidará o MST. Respondeu que a reforma agrária cabe ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas que não aceitará provocações.


“O Ministério da Agricultura será um ministério do diálogo. Nós estamos prontos para trabalhar e para o bom combate. Nenhuma luta, nenhuma guerra, que venha trazer conflitos, que possa puxar o país para trás, terá a minha participação. Não aceitarei nenhum tipo de provocação, quero conversar com todas as pessoas com espírito público porque fui convocada pela presidente Dilma para servir o país e é isso que vou fazer”, afirmou.

Classe média rural

Durante seu discurso, a nova ministra disse que terá como desafios à frente da pasta recuperar o setor sucroalcooleiro e aumentar a classe média rural, além de aperfeiçoar o sistema de defesa agropecuária para garantir a qualidade dos alimentos produzidos.

Segundo Kátia Abreu, dos mais de 5 milhões de produtores rurais em atividade hoje no Brasil, 70% pertencem às classes D e E, 6% nas classes A e B e 5% na classe C, o que equivale a 800 mil trabalhadores.

“Ela [presidente Dilma Rousseff] me pediu obstinação nesta tarefa. Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos”, afirmou a nova ministra. “Serão mais de 800 mil das classes D e E que irão para a classe C”, completou, dizendo ser necessário para isso estender ações de assistência técnica e extensão rural.

Sobre a burocracia no setor, Kátia Abreu disse que vai buscar “programas e projetos inovadores e necessários”. “Vamos priorizar a desburocratização de processos para descomplicar a vida daqueles que mais precisam”, disse. “Todos os programas e projetos terão ação voltada para resultados”.

Crescimento agrícola

Em outro trecho do discurso, a ministra destacou o potencial de crescimento agrícola, citando estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que prevê aumento de 60% na produção de alimentos até 2050, quando a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas.

“Estou certa de que temos ampla capacidade de produzir mais e exportar mais. Não podemos perder de vista que o Brasil tem recursos naturais abundantes, temos a maior dotação de água doce do planeta, mas isso não significa, por outro lado, que estamos autorizados a utilizá-los indiscriminadamente”, afirmou a ministra.

Antes de Kátia Abreu, seu antecessor, Neri Gueller, discursou em agradecimento à presidente Dilma Rousseff, ao PMDB e aos servidores da pasta pela gestão frente à pasta. Disse deixar o cargo com “dever cumprido”, destacando que o Plano Safra passou de R$ 116 bilhões para R$ 156 bilhões. “Esses recursos destinados ao pequeno, médio e grande produtor”, afirmou.

Ele também comemorou a atual safra de 196 milhões de toneladas e disse haver perspectiva de que a próxima supere 200 milhões de toneladas.

06.01.2015

Fonte: G1

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