Devido à omissão da Diretoria Nacional do SINPAF frente às recentes demissões de empregados da Embrapa efetivadas pela Diretoria Executiva várias seções sindicais emitiram nota de repúdio.
Em que pese qualquer tipo de divergência política ou concordância ou não com as atitudes do pesquisador Vicente Almeida, é notório que a atual Diretoria Executiva da Embrapa possui a intenção de intimidar as ações sindicais e a liberdade de expressão dos empregados.
Confira a Nota de Repúdio abaixo:
O impeachment de 2016 foi apenas um pretexto para retomar e implantar no país a agenda de reformas neoliberais contra a classe trabalhadora. A chamada PEC do teto, que congelou por 20 anos os investimentos em áreas sociais, a Lei de Terceirização irrestrita, a Reforma Trabalhista de cunho patronal, a tentativa de acabar com a Previdência e a Seguridade Social dos trabalhadores, são exemplos de implantação dessa agenda neoliberal e privatista. Com a conivência do Parlamento e do Judiciário, o atual governo federal, apoiado por apenas 4% da população brasileira, permite e estimula ações autoritárias e antidemocráticas contra a classe trabalhadora.
Nesse cenário, constata-se também na Embrapa o crescimento do autoritarismo, de ações arbitrárias e anti-sindicais, como: a retirada de direitos historicamente conquistados nos últimos Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs); a extinção dos cargos de Assistentes B e C; o novo Estatuto da empresa; a propalada Reestruturação; o projeto da EmbrapaTec; o cerceamento aos encontros sindicais e de qualidade de vida; a retirada do transporte coletivo em algumas Unidades; e a desvinculação da Casembrapa de nosso ACT, dentre outros.
Ao mesmo tempo, numa postura absolutamente arbitrária e intimidatória, a direção da Embrapa deflagra um processo de demissões sumárias que não respeitam os próprios procedimentos da empresa, sem o contraditório e sem o direito a ampla defesa.
O recente caso da demissão de Vicente Almeida, ex-presidente nacional do SINPAF, é simbólico e reflete o nível de agressividade e intimidação dos atuais dirigentes da empresa para implantar as diretrizes do atual governo.
A demissão de Vicente Almeida não é apenas a demissão de um pesquisador, mas é a “demissão simbólica” das pesquisas de avaliação de impacto dos agrotóxicos e transgênicos, das pesquisas em agricultura familiar e em agroecologia, que passam a ser marginais hoje na empresa.
A demissão de Vicente Almeida não é apenas a demissão de um cidadão preocupado com uma Embrapa 100% Pública, mas é a sinalização da opção por uma Embrapa voltada aos interesses restritos do agronegócio exportador e das transnacionais do sistema agroalimentar.
A demissão de Vicente Almeida não é apenas a demissão de um sindicalista que tem um histórico de luta contra os desmandos da Diretoria Executiva da empresa, mas sim a tentativa de intimidação do movimento sindical no interior da Embrapa e da luta de seus trabalhadores e trabalhadoras por condições dignas de salário e de trabalho. É, de fato, a tentativa de calar e de enquadrar a categoria e o sindicato ao projeto neoliberal em curso.
Perante esse momento gravíssimo, independentemente de divergências políticas, o SINPAF, em todas as suas instâncias, precisa, de maneira efetiva, defender seu ex-presidente, sob o risco de fragilizar toda a categoria e seus dirigentes. Precisamos de ações concretas, jurídicas, políticas e de comunicação, para defender o companheiro Vicente Almeida e lutar pela sua readmissão, bem como de qualquer demissão que ocorra de maneira arbitrária.
Nesse sentido, é premente que a Diretoria Nacional do SINPAF deflagre, imediatamente, uma ampla campanha nacional de mobilização contra os desmandos da Diretoria Executiva da Embrapa. É hora de ação!
Assinam a nota as seguintes Seções Sindicais:
Acre
Agroindústria de Alimentos
Amazonas
Campinas e Jaguariúna
Cerrados
Cruz das Almas
Dourados
Florestas
Fortaleza
Pantanal
Pará
Parnaíba
Pelotas
Sete Lagoas
Solos
11:27:44
2018-03-13